Um por todos, todos por um




Para quem, como eu, não gosta de acreditar que os valores morais têm origem sobrenatural ou Divina, existem alternativas. Nesta palestra TED, Jonathan Haidt propõe 5 valores inatos como sendo a base de qualquer código Moral. Seja isto certo ou não, a apresentação dele é muito interessante, e um dos "valores base" propostos que me suscita interesse é o da lealdade interna ao grupo.

Quando mais jovem, costumava pensar que esse sentimento de pertença e lealdade a um grupo era mais nefasto do que benéfico, servindo sobretudo para instigar guerras entre países ou etnias. Com o passar da idade, continuo a acreditar que esses valores de identidade são mais uma fraqueza do que uma força, porque são facilmente explorados pelas pessoas em posição de poder, para levar as massas a alinharem-se com os seus interesses. Seja um chanceler nazi que consegue convencer o "seu povo" de que os judeus são a fonte dos problemas de pobreza do país, seja um líder jihadista que manipula as crenças e os sentimentos de sofrimento dos jovens para os conduzir ao terrorismo.
Há quem acredite que este valores de identidade e lealdade ao grupo podem facilmente compreender-se e legitimar-se de forma natural. Segundo esta opinião, a escassez dos recursos será uma razão óbvia que dificulta a partilha e a cooperação entre os diferentes grupos sociais, desde os primórdios da nossa Humanidade.
No entanto, ao longo da nossa evolução civilizacional, passámos das tribos para as sociedades sedentárias, as quais desenvolveram a necessidade dos indivíduos se especializarem em diferentes papéis no seio do grupo social.
Apesar desta arquitectura Social sofrer de vícios perniciosos decorrentes das desigualdades de poder entre os indivíduos no seu seio, não podemos ignorar que o seu desenho assenta no princípio da Colaboração e inter-dependência. Estas redes de interdependência desenvolveram-se a tal ponto, que somos todos completamente dependentes delas. Já não existem no mundo Ocidental, sociedades completamente autosuficientes. Se um componente qualquer da nossa rede de serviços tiver uma ruptura, é toda a sociedade que entra em crise.
Assim sendo, parece-me seguro concluir que os valores de identidade de Grupo devem ser revisionados, pelo menos de forma a aumentar a definição do Grupo a toda a espécie Humana. É sem dúvida a melhor arma que podemos desenvolver para enfrentarmos os desafios da Sobrevivência perante um futuro sempre Incerto.

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