Visualização das tabelas de retenção do IRS

A noção de função contínua é um conceito de matemática elementar do 3º ciclo do ensino básico. No entanto, é pouco utilizado nas nossas vidas mundanas do dia a dia, incluindo a actividade da colecta de impostos, onde os modelos de cálculo assentam em modelos de escalões, normalmente representados sob a forma de tabelas.

Vejamos em particular o que acontece com as chamadas tabelas de retenção do IRS em Portugal.  Como um desenho vale por 1000 palavras, e um gráfico vale por 1000 tabelas, fica abaixo a representação gráfica da variação do rendimento líquido em função do valor bruto (ou ilíquido) para um pequeno intervalo  de valores do rendimento bruto (ver notas 1 e 2). 

Rendimento líquido em função do rendimento bruto depois da tributação do IRS (ver nota 1)

Os saltos do escalões são mais claramente visíveis no gráfico do que numa tabela. Por exemplo, quando o rendimento bruto sobre de 1€ entre 2494€ e 2495€, o rendimento líquido diminui na verdade de 49€ !

É verdade que aquando da entrega da declaração anual do IRS, estas retenções descontínuas são substituídas pelo cálculo do imposto final, o qual é calculado com base num modelo de escalões progressivos que não sofre destas descontinuidades (ver nota 3). Mas a verdade é que isso só acontece ao final de um ano. 



Notas de rodapé:

(1) A referência usada para construir o gráfico foi a tabela dos escalões 2011, para casais com 2 titulares de rendimentos e 2 dependentes a seu cargo. Tabelas_continente 2011 (http://info.portaldasfinancas.gov.pt).

(2) A razão de estarem só representados 7 escalões no gráfico acima prende-se com o limite de nesting de 7 funções para o Excel 2003 a que fiquei sujeito. Claro que os geeks  do VBA dirão que isso não é um problema...

(3) No seguimento de me terem chamado a atenção para o facto das taxas de retenção não serem a história toda do IRS, deixo aqui 2 referências para o leigo que queira ir um pouco além.  



Comentários

  1. Já sabia disso, acho que muitos sabem. Só os indivíduos que fazem as leis e mandam alguém fazer as contas por eles, talvez a um sobrinho ou sobrinha, é que acham que nós somos uns palermas.

    "Meu filho, há duas coisas que não podes ser, pois energonhas a família: coveiro e cobrador de impostos".

    Belo gráfico.

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