Usar a hipocrisia Social com peso e medida
Como todos temos uma opinião sobre todos os assuntos, quer nos seja pedida ou não, aqui vai a minha relativamente ao processo disciplinar contra o agente da PSP Manuel Morais resumida nesta notícia do DN em 2021-03-05.
Em meados de Junho 2020, durante os movimentos de ataque a estátuas públicas, o agente da PSP Manuel Morais, um já conhecido activista sindical bem como de outras causas sociais, publicou este post no seu Facebook:
"Mas que culpa tem o nosso Cristóvão Colombo, e o nosso Padre António Vieira de existirem aberrações como o André Ventura? Parem gente inculta, seus irracionais não decapitem a história de um povo, decapitem estes racistas nauseabundos que nem merecem a água que bebem..."
Em consequência disto, o referido agente da polícia foi alvo de um processo disciplinar pela direção nacional da PSP, cuja punição foi até relativamente leve em comparação com outros casos semelhantes ocorridos desde 2019.
O processo disciplinar não é surpresa nenhuma, e é difícil discordar das seguintes palavras do comunicado feito pela direcção da PSP: "as expressões têm efetivamente um significado forte e desmesurado".
Relativamente às seguintes palavras é que já não vejo qualquer relevância: "as expressões em questão revelam desrespeito e desconsideração pessoal".
Quando alguém acha abjectos a maior parte dos discursos proferidos pelo André Ventura, a liberdade de um estado de direito (como está em voga usar-se) deve consagrar-lhe o direito de manifestar a sua desconsideração por tal pessoa e até o desrespeito pelas suas ideias.
Tal como terão percebido, aqueles que não o sabiam ainda, eu incluo-me nesses concidadãos do André Ventura que o acham uma aberração da política, e gostaria de continuar a acreditar que vivo num país que me deixa exprimir isso sem represálias.
Posso ser forçado pela minha natureza Humana a respeitar a vida humana que está por detrás da personagem, mas não posso ser forçado a respeitar aquilo que o André Ventura representa para mim - alguém que fomenta e exacerba divisões sociais com o único objectivo de conquistar votos.
Quanto ao motivo do processo disciplinar ao agente Manuel Morais, este decorre obviamente da natureza pública das declarações feitas pelo mesmo usando o Facebook.
Se o mesmo agente tivesse feito as mesmas declarações perante as mesmas pessoas da direcção nacional da PSP, quero acreditar que provavelmente nada sucederia desde que tudo se passasse à porta fechada, em vez da manifestação pública feita no Facebook.
Portanto, em vez dos argumentos um bocadinho "chochos" como o são "a defesa da honra, bom nome e reputação duma figura pública", eu gostaria de ver uma argumentação baseada na incompatibilidade entre o código deontológico da profissão do agente Manuel Morais e o seu activismo Político. Seria mais honesto.
Num mundo ideal, estas duas actividades poderiam até ser assumidas por um mesmo indivíduo, mas no mundo real, é difícil conciliar os 2 papéis numa só pessoa:
- Como agente duma força de polícia: Manter a ordem Social
- Como activista Político: Questionar a ordem Social
Das três uma: ou estamos dum lado ou do outro, ou então vamos para a zona Neutra onde não nos manifestamos de forma pública, exercendo assim uma forma de hipocrisia saudável e mesmo necessária para vivermos em sociedade.
Quanto às declarações "politicamente correctas" mas vazias de sentido sobre o desrespeito e a desconsideração pessoal, parecem-me constituir uma forma de hipocrisia desnecessária que deve ser evitada para não desvirtuar o próprio conceito de Respeito.
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