Amar a torto e a direito

É cada vez mais frequente ouvirmos Portugueses a fazer declarações de amor que não se ouviam até há poucos anos. 

 Hoje em dia, podemos ouvir por exemplo frases do estilo "eu amo a salada grega" ou então "amo essa musica". Para pessoas de uma certa idade, estas declarações podem suscitar perguntas tais como: 

- Então e diga-me lá uma coisa: Esse amor à salada grega é correspondido ? 

ou 

- E esse amor é para a vida ou é um caso de fim de semana? 

Obviamente que as línguas evoluem de uma forma que não é controlada por ninguém e as palavras adquirem novos significados, mas confesso que me surpreendeu a facilidade com que cedêmos a esta importação do português do Brasil. 

Num outro tempo ficávamos satisfeitos com declarações do tipo "adoro a salada grega" ou "curto bué dessa música", ou quaisquer outras variações mais "fixes" (qual é a expressão dos nossos dias para isso?). 

Mas hoje em dia não senhor!  Temos que amar forte e feio!

Devo talvez sublinhar que não tenho nada contra os nossos "primos" do Brasil amarem tudo e mais alguma coisa a torto e a direito. Confesso até que encontro um certo charme em tais declarações quando são feitas com aquele maravilhoso sotaque. 

Mas quando ouço as mesmas declarações serem feitas por alguém que não é um falante nativo daquele lindo idioma, apetece-me também declarar algo como:

- Por favor, limite-se a amar pessoas e animais. E quanto às plantas, já não vale! Apesar das plantas estarem vivas, "elas" são incapazes de vos retribuir o sentimento! 

Prontos!  Por hoje é tudo. 

PS: A todos os que se possam sentir incomodados com a expressão "prontos" num texto que crítica certos liberalismos linguísticos, só posso responder "Cada qual com as suas indignações" 😁. 

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